Desesperada, Bianca errava pela casa, cachaça na mão, confundindo quina com porta. Cama, comida, banho, tudo era detalhe. A mais recente memória lúcida da mulher era ter posto do lado de fora da porta o último par de sapatos do cidadão, o dono da pinga.
A embriaguez era inevitável, senão necessária.
Mais impaciente que velho em fila de banco, ela era daquelas geniosas, do tipo que discute até com criado mudo. Sempre foi descrente com a classe masculina. Cansada dos casos com bonitinhos mas ordinários, tinha se conformado com enlaces casuais, encontros quase diários com amigos e whiskey, e o ocasional filme B carnificina pra relaxar.
Até que surgiu o cidadão, o dos cabelos. Deixou-a mais bagunçada que cantina de primário em dia de torneio. Ele falava só o suficiente e isso a enlouquecia. Juntos, não dormiam por horas. Ela emagrecia só de vê-lo sair do elevador.
Por causa do pavio curto da moça, as brigas eram intermináveis. Andavam pela casa de sapato fechado, tantos eram os pedaços de porta retrato pelo chão.
A mais recente discussão tinha começado com a pasta de dente destampada e culminou com as coisas do rapaz caindo pela janela do terceiro andar. Dele só tinha sobrado o cheiro bom nos panos e um par de botas de escalada.
Fato é que Bianca já estava bebendo por cinquenta e duas horas ininterruptas, ora olhando pro calçado tamanho quarenta e dois, ora comendo sorvete de tapioca (tinha fixação por derivados de mandioca).
Estava lá, vagando em zigue-zague, quando, num estalo, toca a campainha.
Dizem que beijo brigado dá mais frio na barriga.
Ai meu Deus esse cidadão, o dos cabelos, tá me dando “nos nervossssss”! rsrsrs! Muito bom Gabi!!! Quero mais!
ResponderExcluirSenti que o nosso papo gerou inspiração...rsrsr.
ResponderExcluirBebeu demais, 51 horas era de bom tamanho.
ResponderExcluira desmedida. a contida. a enigmática Gabiiiii.
ResponderExcluirlindo.
bjs